Textos discutidos durante a Caminhada da Fraternidade 2012

26-03-2012 15:33

APRESENTAÇÃO

"Converte-te e crê no Evangelho"! Ao recebermos a imposição das cinzas, no início da quaresma, somos convidados a viver o Evangelho, viver da Boa Nova. A Boa Nova que recebemos é Jesus Cristo. Ele abriu um novo horizonte para todas as pessoas que nele creem. Crer no Evangelho é crer em Jesus Cristo que na doação amorosa da cruz deu-nos vida nova e concedeu-nos a graça de sermos filhos do Pai. Com sua morte transformou todas as realidades, criando um novo céu e uma nova terra. A quaresma é o caminho que nos leva ao encontro do Crucificado-ressuscitado. Caminho, porque processo existencial, mudança de vida, transformação da pessoa que recebeu a graça de ser discípulo-missionário. A oração, o jejum e a esmola indicam o processo de abertura necessária para sermos tocados pela grandeza da vida nova que nasce da cruz e da ressurreição.


Assim, atingidos por Ele e transformados n'Ele, percebemos que todas as realidades devem ser transformadas, para que todas as pessoas possam ter a vida plena do Reino. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a Campanha da Fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerário evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma. A Igreja propõe como tema da Campanha deste ano: A fraternidade e a Saúde Pública, e com o lema: Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Deseja assim, sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de Saúde Pública condizente com suas necessidades e dignidade. É uma realidade que clama por ações transformadoras.

 

A conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas. A Igreja, nessa quaresma, à luz da Palavra de Deus, deseja iluminar a dura realidade da Saúde Pública e levar os discípulos-missionários a serem consolo na doença, na dor, no sofrimento e na morte. E, ao mesmo tempo, exigir que os pobres tenham um atendimento digno em relação à saúde. Que ela se difunda sobre a terra, pois a salvação já nos foi alcançada pelo Crucificado. Às nossas Comunidades, grupos e famílias, uma abençoada caminhada quaresmal e celebremos a Jesus Cristo que fez novas todas as coisas.

 

Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Prelado de São Felix

MT Secretário Geral da CNBB


Pe. Luiz Carlos Dias Secretário

Executivo da Campanha da Fraternidade

 

 


 

ORAÇÃO CF 2012

 

 

Senhor Deus de amor, Pai de bondade, nós vos louvamos e agradecemos pelo dom da vida, pelo amor com que cuidais de toda a criação. Vosso Filho Jesus Cristo, em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos e de todos os sofredores, sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude. Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito. Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo, e que a saúde se difunda sobre a terra. Amém.

 

HINO CF 2012

 

Letra: Roberto Lima de Souza

Música.: Júlio Cézar Marques Ricarte

 

1. Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas,

Pelo remédio para aliviar a dor!

Este é teu povo, em longas filas nas calçadas,

A mendigar pela saúde, meu Senhor!

 

Tu, que vieste pra que todos tenham vida, (Jo 10,10)

Cura teu povo dessa dor em que se encerra;

Que a fé nos salve e nos dê força nessa lida, (Mc 5, 34)

E que a saúde se difunda sobre a terra! (Cf Eclo 18,8)

 

2. Ah! Quanta gente que, ao chegar aos hospitais,

Fica a sofrer sem leito e sem medicamento!

Olha, Senhor, a gente não suporta mais,

Filho de Deus com esse indigno tratamento!

 

3. Ah! Não é justo, meu Senhor, ver o teu povo

Em sofrimento e privação quando há riqueza!

Com tua força, nós veremos mundo novo, (Cf Ap 21,1-7)

Com mais justiça, mais saúde, mais beleza!

 

4. Ah! Na saúde já é quase escuridão,

Fica conosco nessa noite, meu Senhor, (Cf Lc 24,29)

Tu que enxergaste, do teu povo, a aflição

E que desceste pra curar a sua dor. (Cf Ex. 3,7-8)

 

5. Ah! Que alegria ver quem cuida dessa gente

Com a compaixão daquele bom samaritano. ( Lc. 10,25-37)

Que se converta esse trabalho na semente

De um tratamento para todos mais humano!

 

6. Ah! Meu Senhor, a dor do irmão é a tua cruz!

Sê nossa força, nossa luz e salvação! (Cf. Sl. 27,1)

Queremos ser aquele toque, meu Jesus, (Cf. Mc. 5,20-34)

Que traz saúde pro doente, nosso irmão!

 

 

TEXTO 1 - Mensagem do Papa Bento XVI para a Campanha da Fraternidade 2012

Fraternas saudações em Cristo Senhor!

De bom grado me associo à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que lança uma nova Campanha da Fraternidade, sob o lema “que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo 38,8), com o objetivo de suscitar, a partir de uma reflexão sobre a realidade da saúde no Brasil, um maior espírito fraterno e comunitário na atenção dos enfermos e levar a sociedade a garantir a mais pessoas o direito de ter acesso aos meios necessários para uma vida saudável.

Para os cristãos, de modo particular, o lema bíblico é uma lembrança de que a saúde vai muito além de um simples bem estar corporal. No episódio da cura de um paralítico (cf. Mt 9, 2-8), Jesus, antes de fazer com que esse voltasse a andar, perdoa-lhe os pecados, ensinando que a cura perfeita é o perdão dos pecados, e a saúde por excelência é a da alma, pois «que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma?» (Mt 16,26). Com efeito, as palavras saúde e salvação têm origem no mesmo termo latino salus e não por outra razão, nos Evangelhos, vemos a ação do Salvador da humanidade associada a diversas curas: «Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo o tipo de doença e enfermidades do povo» (Mt 4,23).

Com o seu exemplo diante dos olhos, segundo o verdadeiro espírito quaresmal, possa esta Campanha inspirar no coração dos fiéis e das pessoas de boa vontade uma solidariedade cada vez mais profunda para com os enfermos, tantas vezes sofrendo mais pela solidão e abandono do que pela doença, lembrando que o próprio Jesus quis Se identificar com eles: «pois Eu estava doente e cuidastes de Mim» (Mt 25,36). Ajudando-lhes ao mesmo tempo a descobrir que se, por um lado, a doença é prova dolorosa, por outro, pode ser, na união com Cristo crucificado e ressuscitado, uma participação no mistério do sofrimento d’Ele para a salvação do mundo. Pois, «oferecendo o nosso sofrimento a Deus por meio de Cristo, nós podemos colaborar na vitória do bem sobre o mal, porque Deus torna fecunda a nossa oferta, o nosso ato de amor» (Bento XVI, Discurso aos enfermos de Turim, 2/V/2010).

Associando-me, pois, a esta iniciativa da CNBB e fazendo minhas as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de cada um, saúdo fraternalmente quantos tomam parte, física ou espiritualmente, na Campanha «Fraternidade e Saúde Pública», invocando – pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida – para todos, mas de modo especial para os doentes, o conforto e a fortaleza de Deus no cumprimento do dever de estado, individual, familiar e social, fonte de saúde e progresso do Brasil, tornando-se fértil na santidade, próspero na economia, justo na participação das riquezas, alegre no serviço público, equânime no poder e fraterno no desenvolvimento. E, para confirmar-lhes nestes bons propósitos, envio uma propiciadora Bênção Apostólica.

Vaticano, 11 de fevereiro de 2012.

                REFLEXÃO:

  1. Discuta com o grupo a relação apontada pelo Papa Bento XVI entre os trechos bíblicos e o tema da CF2012. Se possível, faça a leitura deles na bíblia.

 

 

TEXTO 2 – Bom Samaritano, o paradigma do cuidado.

 

Bom samaritano – Lc 10,30-35

Jesus retomou: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão. Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho. Depois colocou-o em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais”.

Paradigma do cuidado

A parábola do bom samaritano é entendida como paradigma do cuidado. Mesmo que seja possível outras interpretações, parece-nos oportuno evidenciar, neste contexto da Campanha da Fraternidade, o bom samaritano como uma figura emblemática para o cuidado que se espera da parte dos profissionais e servidores da saúde. “Esta parábola, em si mesma, exprime uma verdade profundamente cristã e, ao mesmo tempo, muitíssimo humana universalmente. Não é sem motivo que até na linguagem corrente se designa obra de bom samaritano qualquer atividade em favor dos homens que sofrem ou precisam de ajuda”. A parábola ajuda a pensar sobre a solidariedade, pois ninguém vive sozinho!

O samaritano é aquele que em face da necessidade do outro a assimila e se deixa transformar por ela. Não só porque cuida do ferido e lhe dá abrigo, mas porque o faz mesmo abrindo mão dos seus planos iniciais.

Essa atitude é revelada nos sete verbos desta parábola e indica um modo de ser diante do outro, que pode iluminar o engajamento da Igreja e dos cristãos no campo da saúde pública.

Ver- a primeira atitude do samaritano que descia pelo caminho foi enxergar a realidade. Ele não ignorou a presença de alguém caído, de alguém que teve seus direitos violentados e que se encontra à margem da estrada. Esta atitude, porém, não é suficiente. O ‘sacerdote’ e o ‘levita’ que haviam passado antes dele também ‘viram’, mas passaram adiante. “Bom samaritano é todo homem que se detém junto ao sofrimento de outro homem, seja qual for o sofrimento”.

Compadecer-se- a percepção da presença do caído conduziu o Samaritano à atitude de compaixão. Ele deixou-se afetar pela presença do violentado que jazia quase morto. A compaixão diante da fragilidade do outro desencadeou as demais atitudes tomadas pelo samaritano. “Bom samaritano é todo homem sensível ao sofrimento de outrem, o homem que se ‘comove’ diante da desgraça do próximo. Se Cristo, conhecedor do íntimo do homem põe em realce esta comoção, quer dizer que ela é importante para todo o nosso modo de comportar-nos diante do sofrimento de outrem. É necessário, portanto cultivar em si próprio esta sensibilidade do coração, que se demonstra na compaixão por quem sofre. Por vezes esta compaixão acaba por ser a única ou a principal expressão do nosso amor e da nossa solidariedade com o homem que sofre”.

Aproximar-se- ao contrário dos que o antecederam, o viajante estrangeiro aproximou-se do caído, foi ao seu encontro, não passou adiante. No homem assaltado, ferido, necessitado de cuidado, reconheceu seu próximo, apesar das muitas diferenças entre ambos.

Curar- a presença do outro exige cuidado. A aproximação, a compaixão não são simplesmente sentimentos benevolentes voltados ao outro. Elas se tornam obra, se transformam em ação que lança mão dos elementos que tem disponíveis para salvar o outro.

Colocar no próprio animal- este passo também é significativo. Ele colocou a serviço do outro os próprios bens. Não temeu disponibilizar ao desconhecido ferido tudo o que dispunha: primeiro seu meio de transporte, depois o que trazia para seu autocuidado, dinheiro.

Levar à hospedaria- o samaritano não só viu, aproximou-se, curou, colocou no próprio animal, por fim, também mudou o seu itinerário, adaptando-se para poder atender aquele necessitado. E ainda mais: ele acabou mobilizando e envolvendo outras pessoas e estruturas para não deixar morrer aquele que fora assaltado. Isso é muito importante, pois nem sempre conseguimos responder a todas as demandas, mas podemos mobilizar outras forças para atender e cuidar de quem sofre. Trata-se de criar parcerias, ser referência e contrarreferência. “A Igreja em sua missão profética, é chamada a anunciar o Reino aos doentes e a todos os que sofrem, cuidando para que seus direitos sejam reconhecidos e respeitados, assim como a denunciar o pecado e suas raízes históricas, sociais, políticas e econômicas, que produzem males como doença e a morte”.

Cuidar- esse é o sétimo verbo e expressa o conjunto da intervenção do samaritano. Trata-se de um cuidado coletivo, que envolveu outros personagens, recursos financeiros, estruturas que o viajante não dispunha e o compromisso de retornar. Mesmo que ele tenha dado sequência à sua viagem, ela não teve o mesmo fim, nem se limitou a cumprir os objetivos iniciais. A razão é que agora ela incluiu outra pessoa, um compromisso que não estava planejado no início da viagem, mas não pode mais ser ignorado. Cuidar passa a ser uma missão.

A figura do bom samaritano assume a condição de modelo para a ação evangelizadora da Igreja no campo da saúde e no campo da defesa das políticas públicas. Seguindo o exemplo da parábola, “na comunhão com Cristo morto e ressuscitado, a Igreja se transforma em lugar de acolhida, em que a vida é respeitada, defendida, amada e servida – lugar de esperança, em que todo o peregrino cansado ou enfermo, que busca sentido para o que está vivendo, pode viver de maneira saudável e salvífica seu sofrimento e sua morte à luz da ressurreição”. O espírito do samaritano deve impulsionar o trabalho da igreja. Como mãe amorosa, ela deve aproximar-se dos doentes, dos fracos, dos feridos, de todos os que se encontram jogados no caminho a fim de acolhê-los, cuidar deles, infundir-lhes força e esperança. No restabelecimento da saúde física está em jogo mais que a vitória imediata sobre a enfermidade. Quando nos aproximamos dos enfermos, aproximamo-nos de todo ser humano de suas relações porque a enfermidade o afeta integralmente”.

 

Para a reflexão:

 

  1. Uma sociedade consumista e capitalista nos força a isolar idosos e enfermos, pois eles não produzem e nem consumem muito. O fato de estarem nesta condição não lhes tira a dignidade de filhos e filhas de DEUS. O que fazer de concreto para preservar a dignidade de filhos e filhas de DEUS?

 

  1. O samaritano da parábola precisou abrir mão do que ia fazer para poder ajudar o homem enfermo em sua necessidade. A quantidade de pessoas que precisa de cuidado é muito grande. Abrimos mão de um pouco do nosso tempo para ajudar quem necessita?

 

 

 

Fonte: Texto Base da Campanha da Fraternidade 2012;

Adaptação: Padre Onaldo Júnior

 

 

TEXTO 3 – A dor que dura, com fé, encontra a cura ...

02 de fevereiro de 2012: Esta é uma história real. Mais um dia de trânsito intenso em Belo Horizonte. Na frenética circulação de veículos, o motorista de um ônibus faz uma forte frenagem para evitar um acidente de grandes proporções. Entretanto, uma senhora de 70 (setenta) anos que estava no ônibus caiu no chão do veículo e machucou-se, passando a sentir muitas dores na cabeça e na barriga. O motorista dirigiu-se ao Hospital João XXIII para que a idosa fosse atendida e estacionou o ônibus bem em frente à portaria do Pronto-Socorro. A idosa gemia dizendo: “Ai, ai ... Pelo amor de Deus, a dor e muita!”. Qual não foi a decepção daquele motorista quando disseram que nenhum funcionário poderia prestar atendimento fora do hospital! “Mas o ônibus está parado na porta, e a senhora está gemendo de dores!?”, disse o motorista. A insistência não adiantou. Durante quase 02 (duas) horas, a resposta era a de que nada podiam fazer. Entretanto, diante da manifestação enérgica de um policial civil que ali chegou, aquela idosa foi colocada numa maca por enfermeiros do hospital e levada para o atendimento. E o que surpreendeu, novamente, foi a manifestação de um destes enfermeiros. Além de nenhum cuidado técnico de primeiros socorros, no momento da remoção da vítima (ele carregou-a no colo, ao invés de imobilizá-la antes de ser colocada na maca), disse que “queria indenização por danos morais se os curiosos continuassem a filmar com seus aparelhos celulares”. Felizmente, após horas de aflição, a idosa foi atendida e passa bem, sem maiores sequelas. Por outro lado, é lamentável saber que nem todas as histórias que envolvem o atendimento de saúde (principalmente saúde pública) terminam assim.

Aproximadamente 2000 anos atrás. Esta também é uma história real (Mt 9, 2-10). Jesus passou novamente por Cafarnaum, e espalhou-se a notícia de que ele estava em casa. Ajuntou-se tanta gente que já não havia mais lugar, nem mesmo à porta. E Jesus dirigia-lhes a palavra. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não conseguiam apresentá-lo a ele, por causa da multidão, abriram o teto, bem em cima do lugar onde ele estava e, pelo buraco, desceram a maca em que o paralítico estava deitado. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados são perdoados”. Estavam ali sentados alguns escribas, que no seu coração pensavam: “Como pode ele falar deste modo? Está blasfemando. Só Deus pode perdoar pecados”! Pelo seu espírito, Jesus logo percebeu que eles assim pensavam e disse-lhes: “Por que pensais essas coisas no vosso coração?   Que é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te, pega a tua maca e anda’? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados — disse ao paralítico — eu te digo: levanta-te, pega a tua maca, e vai para casa!” O paralítico se levantou e, à vista de todos, saiu carregando a maca. Todos ficaram admirados e louvavam a Deus dizendo: “Nunca vimos coisa igual”!

 

Encaixando personagens e fatos das duas histórias à Campanha da Fraternidade 2012.

 

1 – Identificar e relacionar os personagens/fatos das histórias. Indique semelhanças e disparidades.

 

2 – A saúde pública está sendo levada a sério no Brasil? Relate, em resumo, histórias que conhece sobre deficiência de atendimento médico em sua cidade.

 

3 – Jesus curava doentes por obrigação ou por misericórdia? Qual seu verdadeiro objetivo ao realizar milagres? Relate, em resumo, histórias que conhece sobre atendimentos médicos de sucesso.

 

4 – O que falta na saúde pública do país para que pacientes sejam atendidos e recebam tratamento digno? O atendimento de saúde deve ser, em primeiro lugar, um dever moral ou profissional?

 

5 – Existe Pastoral da Saúde em sua cidade? Você sabe dizer quais atividades ela exerce?

 

 

TEXTO 4 – Acolhimento para os doentes.

 

Bom dia a todos! Hoje temos a oportunidade de refletir a respeito da Campanha da Fraternidade de 2012. O tema que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos propõe: Fraternidade e Saúde Pública, é um convite à conversão pessoal, e de alguma forma social.

 

Quero começar contando uma história que ocorreu em um hospital de câncer no Brasil. Havia uma criança com 5 anos de idade, internada já em estado terminal, ela era portadora de leucemia, e os médicos já haviam feito tudo, mas a doença avançava cada vez mais. Eles decidiram, então, informar aos pais da gravidade, e que certamente a criança teria poucos dias de vida. Imediatamente os pais se empenharam em fazer dos últimos dias do menino momentos de felicidade, e perguntaram a ele o que ele queria ser quando crescesse. Aparentemente essa pergunta a alguém que certamente não vai gozar da vida adulta pode parecer absurda, mas os pais queriam proporcionar a alegria a ele e realizar os seus sonhos.

 

A criança respondeu: "Quero ser bombeiro", pois desejava salvar vidas. Os pais decidiram que, nesses últimos dias, o menino seria bombeiro, foram até um quartel dos bombeiros para solicitar ao comandante que a criança fosse pelo menos um dia da sua vida bombeiro. O comandante concordou e fez ainda mais: mandou confeccionar uma farda para o garoto, e combinou com os pais e a direção do hospital que todo o batalhão iria se dirigir ao hospital para fazer uma grande surpresa para a criança.

 

No dia combinado todos os bombeiros foram até o hospital e fizeram aquela festa, o menino naquele dia foi bombeiro. Participou das atividades militares, reuniões, resgate de pessoas, enfim, foi uma festa, a alegria do menino foi tamanha que prolongou seus dias de vida. Quando a criança voltou para o Pai, morreu com um sorriso nos lábios, feliz. Para nós fica a lição de que todos podemos fazer mais do que está ao nosso alcance para que as pessoas sintam o amor, o carinho necessário no momento de dor, assim como os bombeiros e os pais desse menino fizeram de tudo para que ele morresse feliz.

 

Vocês sabem que Jesus se comovia com a situação dos doentes. Temos que ter, nesta Campanha da Fraternidade, duas atitudes semelhantes a dos pais desse menino. A primeira é o amor incondicional, e a segunda é não ficarmos apenas naquilo que está ao nosso alcance, precisamos ir além, se for preciso até às autoridades. Para isso devemos conhecer mais quais são os nossos direitos em relação à saúde. Estou aqui com o texto-base da Campanha da Fraternidade deste ano; ele contém uma Carta do Ministério da Saúde, chamada "Carta do Direito dos Usuários da Saúde". O texto-base, fazendo referência ao artigo 4º e parágrafo único desta carta, afirma que:

 

“Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo confortável e acessível a todos. Parágrafo único: É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou de deficiência, garantindo-lhe: III – nas consultas, nos procedimentos diagnósticos, preventivos, cirúrgicos, terapêuticos e internações, o seguinte: (...); d) aos seus valores éticos, culturais e religiosos; (...); g) o bem-estar psíquico e emocional; X - a escolha do local de morte; (...) XIX – o recebimento de visita de religiosos de qualquer credo, sem que isso acarrete mudança na rotina de tratamento e do estabelecimento e ameaça à segurança ou perturbações a si ou aos outros”.

Portanto, todos nós temos inúmeros direitos, alguns abordados nestes documentos, precisamos nos tornar, conforme nos ensinou o Papa Bento XVI, discípulos e missionários, principalmente quando se refere à Saúde Pública, devemos ser colaboradores, coautores das leis que regem nossa sociedade. Assim, neste ano, a partir da Campanha da Fraternidade, conhecendo nossos direitos, nos empenhemos em colaborar com os governantes.

 

(...)

 

A Campanha da Fraternidade nos leva, portanto, à conversão, temos medo de visitar os doentes, de comprometer-nos com um trabalho que possua comoção social. Devemos ser como o comandante [dos bombeiros] que foi além daquilo que ele poderia fazer, e aprender também com essa senhora, que, já idosa, se gasta em amor pelos doentes mentais.

 

(...)

 

Por fim, precisamos ter a coragem de mudar nosso itinerário como o bom samaritano, que mudou o curso de sua viagem para cuidar do outro. O texto-base da Campanha da Fraternidade é finalizado ao citar a importância do sacramento da unção dos enfermos. Neste ponto chamo a atenção para esse sacramento, pois ele precisa ser ministrado aos doentes, por isso, os agentes pastorais precisam se mobilizar a fim de que os enfermos tenham acesso a essa graça.

 

Quero finalizar com as palavras do Papa Bento XVI, encontradas na Carta dirigida ao presidente da CNBB, Cardeal Dom Damasceno, por ocasião do início da Campanha da Fraternidade deste ano, que afirmou: Possa esta Campanha inspirar no coração dos fiéis e das pessoas de boa vontade uma solidariedade cada vez mais profunda para com os enfermos, tantas vezes sofrendo mais pela solidão e abandono do que pela doença, lembrando que o próprio Jesus quis Se identificar com eles: «pois Eu estava doente e cuidastes de Mim» (Mt 25,36)

 

Que sejamos coloradores para que "a saúde se difunda sobre a terra" (cf. Eclo 38,8).

 

Rezemos um Pai- Nosso e uma Ave-Maria por todos os doentes.

 

Dom Antônio Augusto Dias Duarte

Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
É membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família

 

 

TEXTO 5 – Jesus

Jesus resolveu voltar à Terra como médico e foi a um hospital do SUS. Dispensou quem estava de plantão e atendeu o primeiro doente. Era um paraplégico e Jesus disse:

- Levanta-te e anda!

No mesmo momento, o homem ficou curado. Quando o paciente saiu da sala, andando, outro que estava na fila perguntou:

- O que você acha do novo doutor?

O homem respondeu:

- Igualzinho aos outros, nem examina a gente!

 

REFLEXÃO:

 

  1. Apesar do tom humorístico do texto, procura-se atentar para um grande problema da realidade da saúde pública no nosso país. Qual é esse problema?

 

  1. A que se deve a má qualidade dos serviços de saúde gratuitos prestados pelo governo? É apenas um problema político? A culpa por esses problemas também não nos caberia, já que somos nós que escolhemos nossos governantes?

 

  1. Quais as principais diferenças entre o serviço público e privado de saúde? Será que uma avaliação médica completa tem a mesma precisão e eficácia de uma consulta de dez minutos?

 

  1. "É fácil amar os que estão longe, mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.”  (Madre Teresa de Calcutá) Quais atitudes você pode tomar no dia a dia para melhorar a sua saúde e do seu próximo?

 

 

 

TEXTO 6 - Saúde e salvação para a Igreja.

 

A experiência da doença mostra que o ser humano é uma profunda unidade pneumossomática. Não é possível separar corpo e alma. Ao paralisar o corpo, a doença impede o espírito de voar. Mas se, de um lado, a experiência é de profunda unidade, de outro, é de profunda ruptura. Com a doença passamos a perceber o corpo como um 'outro', independente, rebelde e opressor.

 

Ninguém escolhe ficar doente. A doença se impõe. Alem de não respeitar nossa liberdade, ela também tolhe nosso direito de ir e vir. A doença é, por isso, um forte convite à reconciliação e à harmonização com nosso próprio ser.

 

A doença é também um apelo à fraternidade e à igualdade, pois não discrimina ninguém. Atinge a todos: ricos, pobres, crianças, jovens, idosos. Com a doença, escancara-se diante de todos nossa profunda igualdade. Diante de tal realidade, a atitude mais lógica é a da fraternidade e da solidariedade.

 

A vida saudável requer harmonia entre corpo e espírito, entre pessoa e ambiente, entre personalidade e responsabilidade. Nesse sentido, o Guia para a Pastoral da Saúde, entendendo que a saúde é uma condição essencial para o desenvolvimento pessoal e comunitário, apresenta algumas exigências para sua melhoria:

 

a. articular o tema saúde com a alimentação; a educação; o trabalho; a remuneração; a promoção da mulher, da criança, da ecologia, do meio ambiente etc.;

b. a preocupação com as ações de promoção da saúde e defesa da vida, que respondem a necessidades imediatas das pessoas, das coletividades e das relações interpessoais. No entanto, que estas ações contribuam para a construção de políticas públicas e de projetos de desenvolvimento nacional, local e paroquial, calcada em valores como: a igualdade, a solidariedade, a justiça, a democracia, a qualidade de vida e a participação cidadã.

 

Pistas para reflexão:

 

  1. Estamos incentivando o cuidado pleno aos extremos da vida (criança e idosos) e ajudando na busca de atendimento digno, humano e com qualidade nos serviços de saúde, nos três níveis de governo?
  2. Estamos buscando a sensibilização e a mobilização de familiares e amigos quanto a ações básicas de prevenção e promoção da saúde (por exemplo, manter o cartão de vacinas atualizado)?
  3. Estamos agindo e também estimulando a doção e a manutenção de padrões e estilos de vida saudáveis e a abolição de hábitos inadequados de vida (por exemplo, reeducação alimentar e incentivo à atividade física regular)?
  4. Estamos estimulando o uso dos serviços de saúde, de forma consciente, organizada e cuidadosa, visando à otimização de recursos públicos?
  5. Estamos estimulando a disseminação do conceito de que a prevenção ao uso de drogas é de responsabilidade de todos, ou seja, pais, professores, empresários, líderes comunitários, sindicatos, igrejas e autoridades?

 

 

37ª Marcha da Fraternidade

Itaguara, 25 de março de 2012

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